sábado, 9 de junho de 2007

Aos 9 anos, garoto é profissional dos games

Victor M. De Leon III joga videogames no circuito profissional há cinco anos, acumulando milhares de dólares em prêmios e propagandas em competições em todo os Estados Unidos. Ele conta com um patrocinador empresarial, um assessor de imprensa e um site, com 531 fotos contando a história de sua carreira. Um documentarista está atrás dele há meses.


Victor pesa 25 quilos e gosta de assistir aos desenhos do Bob Esponja em sua casa em Long Island. Ele comemorou seu aniversário de 9 anos no mês passado com um passeio em um parque de diversões e bolo de baunilha. Cursando a terceira série, tem notas acima da média, e recentemente desenhou um dragão para a aula de artes.

O garoto -- mais conhecido pelos adversários cibernéticos e fãs como Lil' Poison -- é considerado o jogador profissional mais novo do mundo; o Guinness demonstrou interesse em incluí-lo na nova edição do Livro dos Recordes. A partir desta sexta-feira (08) ele estará no páreo entre os 2.500 competidores da Super Liga Gaming Pro Circuit Event que deverá durar três dias e será realizada no estádio de Meadowlands, em Nova Jersey, na briga por títulos como Xbox "Halo 2" e prêmios de até US$ 20 mil. Apesar de tudo isso, ele não parece se importar muito com a fama.

Victor joga videogames no porão de sua casa. Um nanico diante de um monitor de vídeo de 60 polegadas, ele se acomodou em uma cadeira enorme na terça-feira à noite, descalço e vestindo uma camiseta preta com o nome Lil' Poison impresso nas costas. Olhar fixo na tela, dedos minúsculos movimentando o controle, causando uma destruição virtual com tiros, explosões, respingos de sangue e cadáveres cibernéticos na batalha espacial.

Precocidade

A aptidão de Victor para os videogames despertou aos 2 anos de idade, quando ele começou a imitar o pai jogando. De Leon, 31, que comercializa equipamentos para depósitos, também começou cedo, aos 8 anos, com jogos inocentes como o "Pac-Man".

Mas "Halo" é um jogo violento, daquele tipo de sair atirando, o tipo que provocou muitas discussões acerca dos seus efeitos nas crianças desde o massacre de 1999 na escola de ensino médio Columbine. Os assassinos responsáveis pelo massacre eram jogadores assíduos do jogo de computador "Doom", que também envolve tiros em vítimas.

Em relação às críticas que sugerem que o pai estaria destruindo a infância de Victor, De Leon, assim como o filho, também dá de ombros, e conta que quando o menino não está treinando para uma competição específica, o tempo que ele gasta com o Xbox é em média de duas horas por dia. Longe dos jogos, como conta o pai, Victor é um típico garoto da terceira série que adora andar de bicicleta, nadar e tocar violino.

"Se eles não moram aqui, eles não conhecem nosso dia-a-dia", disse De Leon em sua casa. "Não estou exagerando e ele também não". Ele contou que controla o conteúdo dos jogos para bloquear violência excessiva e palavrões, e também orienta Victor sobre o que é real e o que é simulação. "Não se pode saltar de um prédio e depois ter a vida de volta, ou se esticar e fazer um caminhão parar".

Carreira

Antes de Victor entrar para uma competição, seu pai diz que sempre pergunta ao garoto, "Você quer fazer isso?". De Leon contou que nunca forçou o filho a jogar videogames, mas que acolheu o seu interesse. "Ele me copiava e era realmente muito bom", recorda-se o pai. "Ele gostava de me ajudar a terminar os jogos e encontrava falhas, o que é bastante difícil".

New York Times

Fora das competições, Victor costuma passar duas horas por dia jogando. (Foto: New York Times)

Em pouco tempo Victor superou o pai. "Ele me passou quando tinha 4 anos", disse De Leon. "Eu simplesmente não conseguia me igualar. Eu fiquei meio como técnico, mas sempre que eu dava alguma dica ele dizia, 'Eu já sei papai'".

Naquele ano, Victor entrou para uma equipe com o pai e dois tios em uma competição em Nova York, ficando em quarto lugar. Aos 5 anos, entrou para a Super Liga de Jogos e ficou entre os 64 melhores jogadores em âmbito internacional. Ao completar 7 anos, competiu em Chicago contra 550 adversários, ficando em segundo lugar -- atrás do tio Gabriel.

Além dos prêmios e propagandas de produtos, Victor fechou um contrato no valor de cerca de US$ 20 mil por ano, além de ter despesas de viagens para os torneios pagas pela patrocinadora, a 1UP Network, uma divisão da Ziff Davis Game Group, proprietárias de revistas e sites de jogos. De Leon não quis detalhar a quantia acumulada pelo filho até hoje, mas contou que é quase o suficiente para financiar uma faculdade particular.

Matthew S. Bromberg, diretor executivo da Major League Gaming, uma das diversas organizações que patrocinam as competições, disse que Victor é um "fenômeno" já faz algum tempo. Mas embora receba dinheiro para jogar, ele ainda não é considerado um profissional pleno de acordo com a rígida definição da liga, pois ele teria que ficar em melhor posição no ranking –- e ter pelo menos 15 anos de idade.

Victor consegue algumas recompensas extras em sua carreira nos jogos, como uma viagem para a Disneylândia durante uma competição em Los Angeles, e uma visita a um rodeio quando esteve no Texas -- a viagem que ele mais gostou. Ele conta que não tem planos sobre o que vai fazer quando crescer. Por enquanto, parece mais preocupado com os brinquedos do Guerra nas Estrelas, frango frito, jujitsu, guitarra, basquete, o seu hamster e o seu cachorro Rocky.

"Gosto de andar de bicicleta todo dia", contou ele. Perguntado sobre se às vezes fica entediado com os videogames, ele respondeu, "É, às vezes fico".

Fonte: g1.globo.com

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